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Pacientes com câncer de mama buscam congelamento de óvulo
Ser mãe é o desejo de muitas mulheres. Mas de acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres têm engravidado cada vez mais tarde no Brasil. Nos últimos 10 anos, o aumento na faixa etária que vai dos 35 aos 39 anos foi de 63%, enquanto a taxa de nascimentos entre mães com até 19 anos caiu 23% no mesmo período.
E para essas mulheres desejam adiar a maternidade, o congelamento (vitrificação) dos óvulos é uma opção. A preservação da fertilidade feminina tem a finalidade de manter a capacidade reprodutiva da mulher.
Esse procedimento é considerado importante para as pacientes jovens com diagnóstico de câncer de mama, um dos mais frequentes entre as mulheres. Atualmente, a doença está mais frequente que antes, entre as mulheres abaixo de 40 anos e por isso, quando iniciam o tratamento alguns sonhos acabam adiados, como a maternidade.
A médica especialista em reprodução assistida, Eugênia Câmara, explica que a estimulação ovariana para vitrificação de óvulos ou embriões tem sido as formas de tratamento preferidas devido a suas altas taxas de sucesso quando comparadas a outras alternativas.
“É possível que esse procedimento seja realizado em um intervalo curto de tempo, sem necessidade de atraso no início do tratamento do câncer da paciente. Com isso, ao maximizar o número de óvulos desde o início oportuniza a mulher de realizar antes de ser liberado para o tratamento da neoplasia. Além disso, tem-se um aumento de suas chances para futura gestação”, comentou a médica.
Embora os tratamentos oncológicos atuem principalmente contra as células tumorais, a fertilidade pode ser afetada no processo. A quimioterapia e a radioterapia, por exemplo, estão associadas a disfunções nos ovários e no desencadeamento de uma menopausa precoce.
“Não há um número exato da incidência de infertilidade após o tratamento de câncer de mama, mas algumas pesquisas apontam que de 30% a 40% das pacientes com menos de 40 anos submetidas a quimioterapia contra o tumor entrarão em menopausa de forma precoce. Por isso, indicamos que se diagnosticada a doença, converse com seu médico sobre a viabilidade para ealizar o procedimento”, complementou Eugênia Câmara.
Ela lembra ainda que após a cura, algumas mulheres terão que conviver muitos anos com as possíveis consequências deixadas pelo tratamento. “É fundamental que a mulher seja aconselhada sobre as formas de preservar a sua fertilidade para retomar o planejamento de maternidade após a cura”, concluiu.
Decisão do STJ
Em recente decisão, o Superior Tribunal de Justiça decidiu por unanimidade que uma operadora de plano de saúde precisa custear o congelamento de óvulos de uma paciente com câncer de mama, de 24 anos, como medida preventiva contra a infertilidade. A cobertura, no entanto, só será obrigatória até o término do tratamento, cabendo à paciente arcar com o armazenamento dos óvulos após a alta.
Os ministros acataram o argumento da relatora, ministra Nancy Andrighi, que se baseia no princípio de que se o plano cobre o procedimento de quimioterapia, também deve cobrir procedimentos em relação à prevenção da infertilidade, que é um dos efeitos colaterais do tratamento.
Antes de iniciar a quimioterapia, a paciente foi orientada a congelar os óvulos. No entanto, o plano de saúde não concordou em cobrir o procedimento, levando a paciente a arcar com um custo de cerca de R$ 18 mil para realizá-lo por conta própria.
*Com informações da assessoria